Monólogo

(não reparem nas calças de pijama. Cheguei a casa com as calças encharcadas. Chuvada!)


Primeiro que tudo quero agradecer pela força que me enviaram. O problema é que ela não chegou cá mas às Bahamas! Eu sei que é um destino de sonho mas quando vos pedi forças era para as enviarem para Milão, mais concretamente para mim! Não para as Bahamas! Eles lá têm força a mais até! Why bahamas why... Por isso é que hoje tudo correu diabolicamente mal.
Estava eu na faculdade quando recebo uma mensagem do paquistanês. Já o conhecem de um capítulo anterior! Era o possível morador substituto, lembram-se amigos? *ler com voz de anunciador de rádio a última frase* Não sei porque mas algo me disse que alguma coisa estava errada. Qualquer coisa no ambiente mudou e aí percebi que aquela mensagem me ia mudar a vida. Pior... Me ia estragar o dia. Ele desculpava-se mas afinal não podia ir conosco falar com o senhorio e que tinha encontrado outra casa. Comecei a ver tudo a preto e branco, sem cinzentos, o mundo desfez-se em pedaços e perdeu-se no espaço e um vulcão de lava raivosa explodiu na minha mente, mas isso foi depois. Primeiro veio a desolação, a tristeza, a dor. Elas as três fizeram-me sentir embaixo e cheguei a sentir pena de mim. Depois veio a raiva, que entrou pela porta da frente sem cerimónias. Sempre foi assim ela. Bonita de mais e difícil de resistir. Comecei a dizer mal dele a torto e a direito e como é que era possível que ele me disesse que não vinha morar lá para casa no dia da mudança! A desconsideração, a falta de respeito. Depois veio a aceitação, que me pos o braço sobre os ombros e me disse algumas palavras de conforto. E depois veio a pena pelo paquistanês que me disse que tinha andado o dia todo nervoso com aquilo e que pedia imensa desculpa e que se nós quisessemos podíamos ir morar para a nova casa dele sem pagar nada. LOL. Sim, asério. Mas não queremos porque fica ainda mais longe que a nossa casa. Obrigado, mas não vai dar.
E pronto, aqui estamos. A nova casa foi à vida, e a velha casa sobreviveu nesta guerra. Parece que ela é a mais forte e já sabem que na selva tudo vale e que o mais forte é quem ganha. *A imagem de uma casa andante pela selva passa pela cabeça de Martim*.
Falei com o senhorio que se mostrou muito "annoyed" e fiquei a saber que ainda temos o mês de novembro para procurar um possível morador. Irrita-me é ser mais um mês que temos de procurar.. Aquele paquistanês era perfeito para a missão. Damn all the birds of the world!! *Pássaros voam das árvores assustados pelo grito de revolta*.

O Monólogo
"Mas ve pelo lado positivo Martim. Assim tens de pagar menos!"
"Eu sei Martim, mas eu preferia viver mais no centro e pagar um bocadinho mais"
"Pois..."
"E a casa é perfeita para fazer umas jantaradas etc"
"Sim, lá isso. Mas nós não vimos a casa. Só o João e a Maria*
"Eu sei, mas eu confio na visão deles. Tu não?"
"Eu também! Mas deviamos ver primeiro a casa não?"
"Não vale a pena! Se eles dizem que é boa então é porque é boa. Eles não iam escolher um casebre dos montes não é?"
"Pois..."
"Hm..."

Vamos agora pagar a renda da casa ao senhorio. É a cara que menos me apetece ver. Depois seguimos para um aperitivo e vamos bailar a noite toda espera-se.