Deixámos, Maria, João e eu, a nossa humilde casinha nos montes e pusemo-nos a caminho da estação central. Estávamos atrasados para o comboio com destino para Bolonha, pois a Maria não conseguira levantar o dinheiro para pagar a renda da casa. Visto que tínhamos de pagar dia 1, quarta feira, convinha que já tivessemos pago tudo e assim podíamos desfrutar da nova cidade. Comprámos os bilhetes e corremos para o comboio. É claro que, já lá dentro, esperámos uns 20 minutos para a partida... O meu stress não foi recompensado.
A viagem durou umas maníacas 3horas porque devemos ter parado em quase todas as estações.
O João fartou-se de me ouvir falar e atrofiar e tentava dormir e a maria (às vezes) acompanhava-me nas minhas gargalhadas desprovidas de sentido. O raio do Luís quando veio para Milão no mesmo comboio não demorou tanto tempo como nós!
Chegámos a Bolonha, mais concretamente à estação (obviamente), e tratamos de arquitectar um plano mágico: perdermo-nos sem querer. Seguimos mal as direcções que o Luís nos tinha dado e fomos dar a mair volta ao mundo em 80 dias. É claro que o Luís, preocupado com a nossa sobrevivência, nos ia ligando e perguntando onde estávamos. A Maria deixou-se cair na estrada e nós pensámos "temos de continuar" e por isso deixámo-la para trás para ser recolhida por um camião do lixo. O que não aconteceu.
No fim encontrámos a casa e sem saber o andar, subimos até ao terceiro onde nos parecia que estava a haver uma festa com guitarradas. Com alguma relutância NÃO tocámos à campainha e deixámo-nos ficar sentados nos degraus do prédio com as mochilas às costas. A perfeita imagem de qualquer coisa. Enfim, como desatámos a chorar por estarmos perdidos, alguém nos levou para o devido andar e consguimos finalmente entrar na casa de erasmus. Era uma casona. A entrada era, exageradamente falando, do tamanho da nossa casa inteira em Milão. Bloody Hell of Darkness. Tinha (e tem, porque ainda estou em Bolonha) 4 quartos, duas casas de banho, uma cozinha enorme e um oasis perdido no meio do deserto. Perfect. Mas também tem os seus defeitos: não tem água quente ainda. Ou seja, banho frio no riacho de água corrente numa gelada manhã de um rigoroso inverno (há quem goste).
Ontem, depois de conhecermos os amigos e housemates do Luís (de quem simpatizámos muito) e depois de um merecido jantar DEPOIS de quase 6 horas sem comer, fomos dar uma volta por Bolonha. Era de noite e os arredores da casa estavam desertos mas acabámos por encontrar uma data de gente (a maioria portuguesa) e uns bares. A vida nocturna cá acaba muito cedo também. Quando soaram as 3h da manhã o bar para onde nós tinhamos ido tratou de mandar toda a gente embora. Abriram-se as luzes e desceu-se a pesada cortina. Mesmo assim fomos para casa com uma agradável sensação de que tinhamos vivido qualquer coisa da experiência de Erasmus.
One side note descobri que só começo as aulas dia 20! Ou seja...mais tempo para viagens!
Também quero agradecer as sinceras opiniões que me ajudaram melhor a decidir o meu futuro cá. Se tudo correr bem a mudança irá ocorrer.