segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Dia na Torre

26/10/08


"Já leste este? Fala de uma torre no meio do nada onde vive um homem. Ele está lá de livre vontade e, apesar de ser um sítio horrível para se viver, não consegue sair da torre. Ele sente-se atraído por qualquer coisa naquele lugar. A história centra-se basicamente na procura dos segredos que estão por detrás da atracção que nem a personagem principal consegue inicialmente explicar."
"Nunca o li! Mas acho que já ouvi falar dele. Deixa-me escrever o título na minha lista para não me esquecer de o ler. Fica na lista de espera."
Emília e Augusta eram duas mulheres nos seus 70 anos. Tinham vindo para França quando eram muito novas e aí ficaram até aos dias de hoje. Conheceram-se por mero acaso numa livraria e sentiram logo um laço a formar-se entre as duas, que se foi fortalecendo dia após dia. Apesar de muito diferentes nas suas personalidades, as duas tinham uma paixão: livros. Não só se entusiasmavam com todo o processo de leitura como sentiam um certo prazer em vislumbrar as capas, as ilustrações, etc etc. Adoravam o livro como todo um ser. As duas abriram uma pequena e modesta livraria numa humilde e ainda em crescimento vila francesa, e desde aí, o seu amor pelos livros tornara-se quase como uma obsessão. Liam compulsivamente quando tinham um tempo livre e procuravam consumir todo o género de estilos literários.
Um dia, Emília recebeu pelo correio um pacote muito amarrotado. Dentro dele estava um livro. Chamava-se "A Torre da Terra".


Acabei de ver o "Volver" do Almodovar. Já o tinha visto uma vez, mas gostei de o rever. Aconselho.
Nestes últimos dias temos visto muitos filmes à noite cá em casa. "Fight Club", "À Prova de Morte", "Magnolia" e agora o "Volver" foram os nossos primeiros filmes. Ainda temos uns 10 para ver. É sempre bom instruirmo-nos e vermos filmes bons que nunca tivemos oportunidade de ver. Eu, pelo menos, sinto isso. Que é bom ver todo o tipo de filmes e consumi-los freneticamente.

Ontem nada de especial se passou, mas há noite fomos jantar com os pais da Maria, a Navigli, que tinham chegado de manhã cedo a Milão para verem a cria e visitarem a cidade. Gostámos muito dos pais. Muito simpáticos e convidaram-nos para um jantar que há muito tempo nos fazia falta. Conversámos sobre tudo e mais alguma coisa e acho que deu um bocado para a Maria matar as saudades com a sua velha caçadeira mental.
Depois de nos despedirmos da família, fomos sair para o Rolling Stones, uma discoteca que fica não sei onde. Fomos de metro para o passante. FECHADO. Fomos de metro para o comboio. FECHADO. Desistimos porque não queríamos pagar um taxi que é uma fortuna (já dizia o velhote do bairro). É impressionante como muitas vezes nos queixamos de Lisboa mas depois temos tudo o que queremos lá. Em Milão parece que a partir de uma certa hora os transportes desaparecem e se isso acontecer ficamos sem meio de voltar para casa... Em Lisboa, temos transportes a qualquer hora! Pelo menos temos taxis que passam sempre em qualquer lado. Enfim, como era ainda cedo, conseguimos apanhar o autocarro para casa e por lá ficámos a ver um filme.

Hoje acordei tarde, porque me tinha deitado muito tarde no dia antes, e fui ao centro à missa do Duomo. O dia estava frio (um dos dias mais frios que já fez cá). Mais uma vez não percebi muito bem o discurso do padre. Não só devido ao meu italiano infantil e ainda em crescimento (em idade humana tem uns 5 anos), como também às condições acústicas! Aquilo é tão grande que não se ouve nada. Pensei na vida, rezei um bocado e pus-me dali para fora. Quando sai senti-me bem. Tinha pensado e falado comigo próprio e não sei porquê, quando vi aquela multidão à frente do Duomo, senti que aquela era cada vez mais a minha cidade. Quer dizer, não quero cair no cliché, mas senti-me que aos poucos me ia sentindo em casa.
Recebi a notícia de que o Pedro, que é um português que supostamente se ia mudar para a nossa casa, em nossa substituição, afinal não se iria mudar. Não percebi bem as razões mas quis continuar no seu humilde casebre. Enfim... teremos que continuar à procura e esperar que recebamos mais telefonemas de interessados. Os anúncios afixados que postámos têm dado resultado mas, de vez em quando, lá temos um engraçadinho que telefona à Maria para saber se a pode ver. Coisas que acontecem. Vamos esperar que no final da semana tenhamos arranjado nem que seja um possível morador que toda a gente goste. Temos até dia 2 para saber se mudamos de casa ou não. Esperemos que tudo se resolva e que a guerra no mundo acabe. AMÉN brothers & sisters

Sem comentários: